Reserva de Mata Atlântica sofre com caça ilegal de animais silvestres

12-06-2011 00:39

Caçadores espalham perigo pela mata e põem em risco a vida de animais e de pesquisadores com armadilhas escondidas.

 

 

Uma das principais reservas de Mata Atlântica do Espírito Santo está ameaçada pela ação dos caçadores que, com armadilhas escondidas pela floresta, põem em risco a vida de animais e também dos pesquisadores.

Na BR-101 Norte, que liga o Espírito Santo à Bahia, a paisagem da janela do carro é feita de pastos a perder de vista: a mata praticamente sumiu. Mas a estrada, que fica a pouco mais de 150 quilômetros de Vitória, ganhou uma moldura diferente. As árvores de um lado e de outro indicam a área onde a floresta foi preservada e é a casa de uma quantidade enorme de bichos. Infelizmente, é um dos locais preferidos dos caçadores.

Dentro da floresta, a segurança também segue a pé. As armadilhas ficam escondidas nas trilhas por onde passam os animais. Ao chegar mais perto é possível ver que elas ficam camufladas. O caçador usa uma estrutura de madeira em formato de uma pequena trave. Na parte de cima, ele adapta uma ratoeira ligada a um cano. Uma linha muito fina é puxada pelo animal, disparando a ratoeira e a munição dentro do cano.

“Já encontramos calibres diversos”, diz o segurança da reserva Orlando Fernandes.

“A caça mais visada são as pacas, os tatus, as cotias que andam no chão da mata”, explica a bióloga Ana Carolina Srbek.

As armadilhas são retiradas da mata a todo o momento com o cano virado para baixo ou apontado para frente. Um perigo para os bichos e para os próprios seguranças.

“Nós costumamos usar alguns galhos indo com eles um pouco à frente dos nossos passos e, caso tenha alguma armadilha, detonar a uma longa distância sem risco para o agente”, explica o segurança da reserva.

Os pesquisadores também usam armadilhas para caçar informações. A cada disparo da máquina fotográfica amarrada em uma árvore a vida se revela de todo jeito. O gavião-pomba, a jacupemba e o mutum do sudeste são aves ameaçadas de extinção que têm a reserva ambiental como casa, onde também vivem onças que, graças à riqueza da floresta, não sumiram de vez.

“O fato de a gente ter onça pintada na reserva é um indicativo da saúde do ambiente todo”, conta a pesquisadora Luiza Avelar.

As armadilhas da pesquisa também registram o perigo: à noite, com a espingarda na mão e com o saco nas costas, o caçador sai de cena. Bom seria, se ele não voltasse mais.

 

  Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/06/es-reserva-de-mata-atlantica-sofre-com-caca-ilegal-de-animais-silvestres.html