Biodiversidade: Parte 2 - Biodiversidade costeira

26-06-2011 16:28

Introdução 
Esta sequência didática é parte de uma série de 21 propostas para trabalhar o tema da biodiversidade com as turmas de 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O conteúdo é produzido em parceria com o Planeta Sustentável. Confira ao lado as aulas que já estão disponíveis. 

Objetivos 
Compreender a 
biodiversidade costeira por meio da identificação dos ecossistemas e dos elementos que compõem o ambiente. 
Identificar a biodiversidade, fauna e flora, existente nesse ambiente. 
Conhecer os usos realizados pelas populações residentes nesses ecossistemas, os usos sustentáveis da biodiversidade costeira e a degradação dessa biodiversidade. 
Despertar o interesse para a pesquisa sobre os ambientes costeiros, por meio da leitura e interpretação de textos e mapas. 

Conteúdos 
Biodiversidade costeira: caracterização, configuração natural, configuração social, utilização, degradação, conservação e preservação. 
Ecossistemas costeiros: manguezais, restingas, dunas e costões rochosos. 
Populações tradicionais; unidades de conservação; construção de maquetes. 

Anos 
2º ao 5º ano 

Tempo estimado 
Seis aulas 

Material Necessário 
Cadernos, lápis, canetas, borrachas, lápis de cor, canetinhas, cartolinas, cópias de mapas, texto para leitura, placa mdf para construção da maquete, argila, massa de modelar, areia, grama sintética, arame, miniaturas de plantas e animais que fazem parte da biodiversidade costeira, entre outros. 
Material de pesquisa: livros, revistas, computadores com acesso à internet. 

Introdução 
Esta sequência didática sobre biodiversidade costeira é a segunda de uma série de onze propostas sobre biodiversidade para o Ensino Fundamental I. 

Os ambientes costeiros abrigam uma imensa biodiversidade, ou seja, são lugares ricos em diversidade de vida. Nos litorais estão presentes elementos de quatro áreas distintas: terrestre, marinha, fluvial e atmosférica. A variedade de combinações entre tais áreas é utilizada pelo homem há milhares de anos como fonte de alimentação e moradia. 

O Brasil possui uma costa de aproximadamente 9 mil km, levando em consideração as suas reentrâncias e, como essa extensão preenche diferentes faixas latitudinais, podemos encontrar diversificados ambientes em cada ponto. 

Os recursos naturais existentes em todos os ambientes litorâneos são muito utilizados pela população de forma direta e indireta. De acordo com Antonio Carlos Diegues, autor de Populações Litorâneas Movimentos Sociais e Ecossistemas da Costa Brasileira, mais da metade da população do país vive a uma distância inferior a 60 km do mar. Pode-se concluir que, nas áreas onde encontramos uma grande biodiversidade, também nos deparamos com uma população muito grande residindo e usufruindo dos recursos disponíveis. 

Desenvolvimento 

1ª etapa 
Converse com os alunos sobre o que eles entendem por biodiversidade e o que eles já sabem sobre as áreas costeiras. Faça um quadro com essas informações. Primeiro, organize uma lista de palavras-chave sobre o que eles entendem sobre biodiversidade. Depois, leia o conceito de biodiversidade e peça que eles analisem a lista feita, identificando as similaridades com o conceito.

 Texto de apoio ao professor Biodiversidade

O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.

Fonte: www.wwf.org.br

Discuta as informações levantadas pela classe sobre o que conhecem das áreas costeiras e peça que registrem essas informações. O levantamento prévio ajudará a direcionar as aulas seguintes para assuntos que a turma domine menos. Já os pontos nos quais o conhecimento está mais consolidado poderão ser trabalhados de forma mais rápida. 

Peça aos alunos que desenhem como imaginam ser um ambiente costeiro, com tudo que pode ser encontrado nesses lugares, principalmente as plantas e os animais. 


2ª etapa 
Apresente aos alunos uma síntese, com as informações mais importantes sobre cada ecossistema para que eles possam expandir os seus conhecimentos sobre a biodiversidade costeira e realizar as atividades das próximas aulas.

 

Texto de apoio ao professor Biodiversidade costeira

Manguezal

Manguezal do Parque Nacional de Superagui. Foto Jader da Rocha
Manguezal do Parque Nacional deSuperagui. Clique para ampliar

“Ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés. Ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado importante transformador de nutrientes em matéria orgânica e gerador de bens de serviços.”  (Yara Shaeffer-Novelli)

No Brasil, os manguezais distribuem-se desde o extremo norte no Estado do Amapá até o município de Laguna em Santa Catarina, ocupando uma área aproximada de 25 mil km² e compostos por 6 espécies arbóreas típicas, pertencentes a 3 gêneros: Rhizophora mangleRhizophora harrisoniiRhizophora racemosaAvicennia schauerianaAvicennia germinans eLaguncularia racemosa

Os bosques de mangue destacam-se por sua alta biodiversidade funcional, o que os capacita a ocupar áreas distintas, nas quais é inviável a ocupação pela maior parte das espécies vegetais. 

Com relação às funções ecológicas dos manguezais destacam-se: proteção da linha de costa, evitando a ação erosiva das marés, tempestades e furacões; filtração de poluentes, diminuindo a poluição das praias; refúgio para inúmeras espécies marinhas e estuarinas, que encontram abrigo para reprodução, alimentação e desenvolvimento das formas juvenis; além de serem grandes fornecedores de proteínas para populações residentes no seu entorno. 

Fonte: Manguezal: Ecossistema entre Terra e Mar, de Yara Schaeffer-Novelli.

Restinga

Barra do Jucu, Vila Velha, ES. Foto Gilvan Barreto
Barra do Jucu, Vila Velha, ES.Clique para ampliar

“Entende-se por vegetação de restinga o conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Essas comunidades, distribuídas em mosaico, ocorrem em áreas de grande diversidade ecológica e são consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do solo que do clima“ 
Resolução CONAMA, 1996 

O termo restinga é utilizado em um sentido amplo que engloba o conjunto de comunidades vegetais encontradas nas planícies arenosas quaternárias de origem marinha. Portanto, podemos encontrar a vegetação de restinga ao longo das praias e das planícies costeiras. Sua fisionomia variada está diretamente relacionada ao solo arenoso em que ela se encontra. 

Ecossistema associado às Matas Atlânticas, pertence ao grupo das formações pioneiras com influência marinha. É composto por uma vegetação mista composta por árvores, arbustos, epífitas, trepadeiras, muitas bromélias de chão e samambaias. Ocorre nos espaços compreendidos entre as dunas interiores e a floresta de terras baixas, revestindo as áreas litorâneas fora do alcance do mar. 

No Brasil, as restingas são encontradas ao longo de todo o litoral, perfazendo um total de aproximadamente 9 mil km de extensão. A restinga brasileira foi reconhecida como Reserva da Biosfera pela UNESCO na ECO-92. 

Dunas

Lençóis Maranhenses. Foto Claudio Larangeira
Lençóis Maranhenses. Clique para ampliar
Dunas são elevações arenosas que ocorrem em regiões onde os processos marinhos depositam mais sedimentos que retiram, com presença de ventos constantes. Existem duas principais classificações para as dunas: uma considerando o seu aspecto como parte do relevo e a outra considerando a forma pela qual os grãos de areia dispõem em seu interior. 

A classificação baseada na estrutura interna das dunas leva em consideração a sua dinâmica de formação, sendo reconhecidos dois tipos: as dunas estacionárias e as dunas móveis. Algumas dunas acabam por se transformar em formações consolidadas, as chamadas dunas fósseis. As dunas podem se tornar estacionárias devido: aumento de umidade, ocorrência de obstáculos internos (blocos de rocha, troncos etc.) e desenvolvimento de vegetação. 

A presença de vegetação nativa, composta por gramíneas e plantas rasteiras, desempenha importante papel na formação e fixação das dunas. À medida que a vegetação pioneira cresce, as dunas ganham volume e altura. Com o passar do tempo, outras plantas colonizam o local, estabilizando o cordão de dunas. Podemos encontrar uma grande quantidade de espécies pioneiras, como o cipó-de-flores, margarida-das-dunas, capim-das-dunas, entre outras. 

As dunas exercem algumas funções ambientais como: manutenção da linha de costa, proteção do lençol freático, constituição da barreira natural contra as ressacas do mar, entre outras. 

Fonte: Jornal O Globo

Costão rochoso

Praia Preta, Guarujá, SP. Foto Priscila Zambotto
Praia Preta, Guarujá, SP. Clique para ampliar

Costão rochoso é o nome dado ao ambiente costeiro formado por rochas situadas na transição entre o meio terrestre e o marinho. Trata-se de um ambiente extremamente heterogêneo, propício para o desenvolvimento de certos animais e base firme para o crescimento de plantas, que precisam ser muito resistentes para suportar as ondas, aguentar os ventos fortes e a salinidade e permenecer submersas na maré alta. 

As rochas brasileiras possuem origem vulcânica e são encontradas por quase toda a área costeira do país, em maior concentração na Região Sudeste, onde a costa é bastante recortada. 

O costão rochoso pode ser modelado por intemperismos de origem física, química e biológica: a erosão por batimento de ondas, ventos e chuvas, e a variação de temperatura, expandindo e contraindo os minerais, são responsáveis pelo intemperismo físico. O intemperismo químico depende do tipo de rocha que forma o costão, uma vez que minerais reagem quimicamente com a água do mar, sendo que essas reações são reguladas principalmente pelos fatores climáticos. Além desses, temos o intemperismo das rochas causado por organismos biológicos como os ouriços, esponjas e moluscos.

 

3ª etapa 
Em grupos, peça aos alunos que escolham um ecossistema costeiro (manguezal, restinga, dunas ou costão rochoso) e pesquisem informações sobre a biodiversidade de cada ecossistema e os usos possíveis dessa biodiversidade. Para isso, devem utilizar material de pesquisa (livros, revistas e informações do site). Solicite que os alunos sintetizem as informações da pesquisa. 

Forneça para cada grupo dois blocos de mapas: Mundo e Brasil e peça que identifiquem onde estão as áreas costeiras e quais os elementos que podemos encontrar nesses ambientes: fauna, flora, meio abiótico (mar, areia, sol, ventos, etc.), usos e culturas etc.

Mapas do mundo 

Mapa do mundo - político. Fonte: http--como_una_centinela.ilcannocchiale.it-mediamanager-sys.user-17197-mapa-mundi-pol%C3%ADtico.gif
Mapa do Mundo - Político

 

Mapa do mundo - relevo. Fonte: http--www.diaadia.pr.gov.br-tvpendrive-arquivos-Image-conteudos-imagens-2geografia-4mbrrel.jpg
Mapa do Mundo - Relevo


Mapas do Brasil

Mapa do Brasil - Político. Fonte: http--www.portalbrasil.net-images-mapabrasil.jpg
Mapa do Brasil - Político

 

Mapa do Brasil - Físico. Fonte: http--neccint.files.wordpress.com-2009-07-591px-brazil_topo.jpg
Mapa do Brasil - Físico

 

 

4ª etapa 
Proponha aos alunos a construção de uma maquete com os diferentes ecossistemas litorâneos, representando suas biodiversidades. Apresente para a turma paisagens dos ambientes e peça a todos que compararem com os desenhos feitos na primeira aula, questione sobre o que não pode faltar na maquete e monte um esboço inicial. 

Lembre a turma que a maquete deve representar os principais ecossistemas litorâneos (manguezal, restinga, dunas e costões rochosos). Depois, apresente para os alunos o material necessário para sua confecção e inicie a construção. Peça que levem figuras de animais e plantas típicas das regiões costeiras. 

5ª etapa 
Finalize a construção da maquete com os materiais levados pelos alunos. A construção de maquetes é uma atividade que leva tempo e precisa do acompanhamento do professor, dependendo da faixa etária alguns materiais só podem ser manipulados por adultos, como estilete e pistola de cola quente. Reserve o tempo entre as etapas 4 e 5 para que materiais, como cola e tinta, tenham tempo de secar. 

6ª etapa 
Com a maquete finalizada, peça à turma que apresente as pesquisas feitas em grupo e que expliquem aos colegas o funcionamento de cada ecossistema estudado exemplificando com as paisagens representadas na maquete. 

Ao longo de cada apresentação, aproveite para esclarecer melhor os pontos que ainda causam confusão e tire as dúvidas da turma. Para concluir, faça uma exposição com os desenhos iniciais de cada aluno e com a maquete construída coletivamente. 

Avaliação 
A avaliação  deve ser feita analisando a participação dos alunos, tanto nas atividades individuais (registro, desenho e pesquisa) quanto nas atividades em grupo (pesquisa, construção da maquete e apresentação dos resultados da pesquisa). Faça com que os alunos comparem os seus conhecimentos prévios, registrados na primeira aula com os conhecimentos adquiridos ao longo de todas as aulas.

Quer saber mais?

Bibliografia 
DIEGUES, A. C. (Coord.). Populações litorâneas movimentos sociais e ecossistemas da costa brasileira. São Paulo: CEMAR/USP, 1992. 234 p. 
POMPEIA, S. L. Árvores de restinga : guia ilustrado de identificação das espécies da Ilha do Cardoso. São Paulo: Neotropica, 2005 
SCHAEFFER-NOVELLI, Yara. Manguezal: ecossistema entre terra e mar. São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995. 


Internet 
https://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/planeta-vivo-2010-wwf-perda-biodiversidade-603803.shtml 
https://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/biodiversidade/