Ninguém quer salvar o planeta

12-03-2011 15:34

A sociedade está disposta a abrir mão do conforto e da conveniência para defender o meio ambiente?

 

 

 

 

Alguns meses atrás comentei aqui na coluna a questão do uso das sacolas plásticas pela população brasileira e disse que, na minha opinião, o problema vai persistir porque nossa sociedade não está nada disposta a abrir mão de conforto para defender o meio ambiente. 

Pois bem, no mês passado recebi os resultados de uma pesquisa feita na cidade de São Paulo, sobre o assunto. Depois de ler o relatório, o que era palpite virou convicção. Se depender da disposição dos brasileiros, o planeta vai mesmo para o brejo. 

Quer saber a razão de tanto pessimismo? A pesquisa mostra que cerca de 78% dos paulistanos se dizem preocupados ou muito preocupados com o meio ambiente. Até aí, tudo bem. O problema é que no dia a dia, porém, as pessoas fazem pouco em favor da mãe natureza. Os paulistanos, por exemplo, têm o costume de desperdiçar água, abusar do consumo de energia e, é claro, também não abrem mão da sacolinha - 85% dos habitantes de São Paulo costumam usar as sacolas plásticas oferecidas pelo varejo, consideradas mais práticas que levar sacolas reutilizáveis para casa. Duvido que o panorama seja muito diferente em outras cidades.

O estudo da Connection descobriu ainda que 61% dos entrevistados tomam dois banhos por dia, sendo que 65% dessas pessoas gastam de 6 a 15 minutos embaixo do chuveiro, ou seja, mais tempo que o necessário. Também na hora de escovar os dentes ou fazer a barba os paulistanos são mestres em desperdiçar água - a maioria fica 5 minutos com a torneira aberta enquanto limpa os dentes, você acredita? Tem mais - 46% das mulheres entrevistadas levam mais de 15 minutos com o secador de cabelo ligado. 

Mas nem todas as atitudes dos pesquisados são antiecológicas. Quando os paulistanos sentem que podem estar afetando a saúde ou o bolso, aí a coisa muda de figura. A pesquisa mostrou que 80% dos lares trocaram lâmpadas incandescentes por outras mais econômicas. E as maiores preocupações da população são com a poluição e com o lixo nas ruas. Claro, ninguém quer respirar mal nem viver cercado por sujeira. O problema é que as pessoas esperam que outros resolvam a questão e se esquecem convenientemente de fazer sua parte. Prova disso é que 54% dos habitantes de São Paulo não separam lixo para reciclagem. E eu suspeito que parte dos outros 46% que disseram ser adeptos da separação do lixo estão apenas respondendo que sim para sair bem na foto. 

Em resumo, os dados de pesquisa estão aí para mostrar que muito pouca gente hoje está se mexendo em favor do meio ambiente e que o bem estar individual se impõe ao coletivo. Ou seja, os paulistanos se preocupam mesmo com o que pode prejudicá-los e esperam que empresas e governos cuidem do resto. 

Luiz Alberto Marinho anda pessimista e acha que nessa toada o planeta não resiste muito tempo não.

 

Fonte: Revista Vida Simples – 09/2010